Vamos contar uma breve história.

Reza a lenda local que, quando Deus criou o mundo, no último dia estava tão extasiado de felicidade que começou a chorar de alegria.

Cada uma dessas lágrimas equivale a uma das 10 ilhas do arquipélago de Cabo Verde.

Acredita-se que, por essa razão, as ilhas são abençoadas e protegidas, bem como o seu povo.

Cada ilha possui uma personalidade única, mas o que todas têm em comum é a riqueza cultural de Cabo Verde.

Partilhamos abaixo algumas das características que distinguem a ilha de Santo Antão.

Dança

Em Cabo Verde existem estilos de dança tão diversos como a morna, a coladeira e o funaná.

Os três estilos são comuns a todos os cabo-verdianos, mesmo na diáspora.

A dança tradicional que simboliza a ilha de Santo Antão é o colá.

Como dança, o colá é tradicionalmente executado num desfile de rua. Pares de dançarinos executam um movimento marcado pelo tempo forte do ritmo, com rodopios, com avanços e recuos, e depois tocando-se violentamente na zona pélvica.

Gastronomia

Tratando-se de uma ilha dotada de numerosos produtos típicos e muito característicos, a sua gastronomia é um verdadeiro alento para os visitantes e os habitantes, considerando que a agricultura e a pesca são uma das principais atividades da mesma.

As opções gastronómicas são variadas e de qualidade, tanto em pratos de peixe como de carne. Para além da tradicional cachupa, uma das receitas tradicionais com lugar de destaque na cozinha, considerada por muitos a verdadeira e principal iguaria, em Santo Antão os pratos de marisco têm também um lugar no pódio. Uma das receitas mais apreciadas é a caldeirada de cabrito com feijão.

Para além da comida, são também conhecidas as tradicionais compotas, doces de papaia, banana, goiaba, coco, entre outros.

A produção de queijo também merece destaque, tornando-se num dos principais atrativos de quem visita a ilha, aproveitando para ficar a conhecer o fabrico desse produto “terra-terra”.

No entanto, o primeiro lugar vai para as bebidas típicas, que fazem as delícias de todos. São exemplo disso o grogue (feito à base de rum, água e açúcar), considerado o melhor de todo o arquipélago, ou o ponche (feito à base de grogue, que poderá ter os mais variados sabores; mel, coco, baunilha, chocolate, morango, etc.) e os licores que finalizam o almoço servindo de digestivo.

Música

A música é, logo a seguir à língua, a manifestação mais rica e universal da cultura de Santo Antão.

A música de Santo Antão tem por base todas as histórias e crenças da ilha, evidenciando temas como as alegrias e as tristezas, os encontros e as separações, a terra e o mar, a fome e a abundância, a solidão e a festa, a saudade e o amor.

Todos estes sentimentos se misturam nas músicas que acabam sempre por se transformar em festejo, pois o povo cabo-verdiano mantém sempre um sorriso no rosto, por muito desafiante que seja a situação.

Festas religiosas (Son Jon)

A tradição ainda é uma força viva no povo santantonense e as manifestações culturais mantêm-se desde longa data.

Estas manifestações culturais também fazem movimentar também a economia da ilha, devido ao intenso fluxo de pessoas que chegam neste mês para viver ou reviver estas festividades.

Festivais de música – Festival Sete Sois Sete Lua – Ribeira Grande

Na cidade de Ribeira Grande, Santo Antão, costuma ter lugar todos os anos o Festival Sete Sois Sete Luas, um projeto que traz para Cabo Verde grandes artistas do mediterrâneo e do mundo lusófono, que deixam a sua marca através de pinturas nas paredes da cidade.

É realizado todos os anos no início de outubro, criando até o seu próprio género e descobrindo novas formas de reinterpretar a tradição popular, de maneira a torná-la mais apreciada, repleta de novos estilos e misturas musicais, e promovendo colaborações artísticas inéditas.

Pintura (Ribeira Grande)

Santo Antão está rodeado de pinturas artísticas nas paredes, principalmente na cidade de Ribeira Grande.

A maioria destas pinturas foram feitas pelos artistas internacionais que participam no festival de música Sete Sois Sete Luas.

As pinturas tendem a retratar personagens ilustres da música cabo-verdiana, como Cesária Évora, Ildo Lobo, entre outros.